Raramente se vê crianças tão talentosas na televisão como Klara Castanho (no ar em “Amor eterno amor”) e Jesuela Moro (de “A vida da gente”). Agora, temos também Mel Maia, a Rita de “Avenida Brasil”. O desempenho de atores mirins na teledramaturgia é um tema já tratado aqui reiteradamente, mas que agora, com a estreia de “Avenida Brasil”, merece mais uma reflexão. Quando Klara Castanho surgiu em “Mothern”, no GNT, o diretor, Luca Paiva Melo, me explicou que, além do talento da garota, outro fator colaborava para o bom desempenho dela em cena: “Ninguém fala com ela como se fosse um bebê. A relação é de igual, nada daquelas coisas de chamar os adultos de ‘tio’ e ‘tia’”.
Ao ver Mel Maia em “Avenida Brasil”, lembrei-me desse telefonema. A atriz chamou a atenção desde a estreia por seu talento inegável, que não deixou nada a dever ao das feras com que contracenou. Mas, em “Avenida Brasil”, há uma novidade. Não apenas o encaminhamento de quem treinou a menina deu as costas para o tatibitate que costuma reinar na televisão, como as cenas dela eram de difícil digestão até para um adulto. Rita brigou com a madrasta, Carminha (Adriana), e deu um tapa na cara dela. Viveu momentos de desespero quando ninguém acreditou nela. O sentimento de impotência diante de uma situação que exige um mínimo de autonomia, algo que qualquer pessoa experimenta na infância em algum momento, é pouco retratado nos folhetins. Ele pode ser mais cruel do que qualquer madrasta.
João Emanuel Carneiro teve coragem de levar o assunto para sua história. E Ricardo Waddington, Amora Mautner e José Luiz Villamarim, os diretores, escolheram muito bem a atriz.
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