segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Mel Maia arranca elogios de colegas de cena e ganha cuidados de diretor

Mel Maia gira balões no ar e, com o pirulito embaixo do queixo, faz o “ba-ban-do” do “Show das poderosas”. Entre uma careta e outra, tenta soprar uma bola de chiclete. Aos 9 anos de idade, a atriz podia estar num promissor teste de elenco, com tanto carisma, caras e bocas. Mas não. É apenas uma sessão de fotos. A carreira da pequena já se desenha a sua frente. Elogios de diretores e colegas de peso dão o contorno. O colorido fica por conta do jeito de criança, de quem encara o trabalho em “Joia rara” como uma doce brincadeira.

— Uma cena muito legal foi aquela em que joguei bola com o vovô Popó (interpretado pelo ator Luis Gustavo, na trama das seis). Foi bem divertido — destaca a atriz, que já aprendeu a importância de conciliar as tarefas com os pequenos prazeres da vida: — Brinco sempre. Não vivo sem brincar!

Fenômeno por onde passa no Projac, Mel entrou em evidência aos 7 anos, por apenas sete capítulos de “Avenida Brasil” — ela viveu a diminuta Rita, achincalhada pela hiperbólica vilã de Adriana Esteves, Carminha. O estouro, em março de 2012, trouxe frutos em pouco tempo: a pequena foi convocada para “Lado a lado”, que estreou seis meses depois, com “Avenida Brasil” ainda no ar. Mas, a pedido do diretor de núcleo Ricardo Waddington, a menina esperarou mais um pouco para voltar à telinha, como protagonista em “Joia rara”. Mel entrou na trama como Pérola depois de uma passagem de tempo, na última quinta-feira.

— Negociamos com os diretores da novela para guardá-la um pouco. Era importante que “Avenida Brasil” terminasse para que ela surgisse em um novo momento — explica Waddington.

Responsável pelo brilho da menina, agora, nas seis, o diretor tem olhos de lince, tanto para dirigi-la quanto para poupá-la dos excessos da profissão.

— Tudo da carreira dela passa pelo meu filtro, eu digo “sim” e “não”. Eu veto comerciais. Esse trabalho deve interferir o mínimo possível na vida de criança dela. Eu me sinto totalmente responsável pela Mel — afirma Waddington, que sintetiza o diferencial da pequena notável: — Ela ama o que faz. É como se estivesse brincando com uma boneca. Não está seguindo uma vontade dos pais, como já vi acontecer por aí aos montes. Mel tem uma energia que muda o ambiente.

E haja energia! Aluna do 4º ano do Ensino Fundamental, estuda de manhã e não falta aula um dia sequer. Acompanhada da mãe, atende aos compromissos das gravações e volta para casa a tempo de fazer as lições e ver desenhos e séries do Disney Channel. Quando as pausas no trabalho são grandes, adianta o dever de casa no próprio Projac.

— É claro que toda mãe vai falar isso, mas afirmo: Mel tem responsabilidade. Ela acorda, vai para a escola, grava, faz o dever, brinca... Vou regulando porque já estamos em ritmo de fim de ano. Antes ela fazia balé e sapateado na escola, agora não dá mais tempo. Mas ela vai fazer a apresentação de jazz no fim do ano de qualquer maneira, já falou — conta a mãe da menina, Débora Maia, de 42 anos.

Débora e o marido, Luciano, trabalhavam como bancários. Para atender melhor à dinâmica familiar — além de Mel, o casal tem uma filha de 13 anos, Yasmin — ele passou a trabalhar como motorista particular, e ela cuida da casa.

— Faço tudo para que as minhas filhas se realizem. A mais velha quer ser dentista. Faço questão de mostrar para Mel que existem outros caminhos. Ela diz que quer ser atriz até ficar velhinha — diz Débora.
O estrelato acompanha Mel no Projac, nas ruas e nas redes sociais. A pequena tem 28 mil seguidores no Instagram, no qual compartilha fotos com alguns de seus novos amigos — entre eles, os colegas de cena Bruno Gagliasso, Nathalia Dill e Marcos Caruso. Mas a boneca ela divide com a mesma amiga de antes da fama:

— Gosto de brincar com a Clara, que mora no meu condomínio — conta a pequena.

A escola também não mudou. É a mesma, em São Cristóvão, onde Mel está matriculada há cinco anos. Ela é uma em 1.300 alunos, divididos em turmas do maternal ao ensino médio. O agito que Mel inocentemente causou em “Avenida Brasil” parece ter se abrandado desta vez, talvez pela doçura de sua personagem, Pérola, a reencarnação de um sábio monge budista.

— Melissa é muito engraçadinha e carinhosa. No início ficou angustiada porque todas as crianças ficavam em cima dela. Mas já passou. Ela nos avisa sempre que a novela vai ao ar. Agora que ela vai entrar, eu vou dar uma olhada — diz a diretora da escola, Rony Kadow, chamando a atriz pelo seu nome de batismo, sem cerimônia.

O bom desempenho escolar de Mel não é atestado apenas pela mãe e pela diretora da escola — como se fosse pouco! Em sua primeira viagem para fora do país, a menina se virou no inglês. E olha que ela não estava a passeio na Disney. Era compromisso de trabalho, no Nepal, onda gravou cenas que vão ao ar em “Joia rara”.

— Ela arrastava o inglês, e o Nelson Xavier ia lá conferir — lembra Débora, que acompanhou a viagem da filha.

O que mais impressionou Mel nessa experiência foi a bondade do povo nepalense. Com seu jeito irreverente, descobriu algo que pudesse ensinar aos monges budistas: a dança da funkeira Anitta. Como de costume, ensaiou os passinhos do “Show das poderosas”:

— Eu acho que eles não conheciam esse tipo de dança, quando eu dancei eles adoraram e ficaram muito alegres.

A viagem acabou atropelando a comemoração do aniversário de 9 anos de Mel, em 3 de maio. Ela passou o dia no aeroporto, junto com a mãe e alguns dos colegas de cena. Mas não ficou em branco. A pequena ganhou uma caixa de som para MP3 de Bruno Gagliasso (Franz Hauser, seu pai na ficção). As cenas dos dois começaram a ir ao ar há pouco tempo, mas a cumplicidade se consolida a passos largos. E se Gagliasso é pai de Mel na ficção, ela já conquistou uma mãe na vida profissional: a diretora Amora Mautner.

— Tenho uma filha de 6 anos, então fiquei muito afeiçoada por causa desse meu espírito maternal. Ela é uma danada, eu dirijo e ela já entende — derrete-se a diretora, que até Barbie-ganhadora-de-Oscar já deu para a pequena: — Ela estava fazendo a cena tão bem que mereceu. Sou fã dela, da mãe, do pai... da obra completa!

Outro pai da ficção que faz questão de lamber a cria é um dos maiores veteranos da TV brasileira: Tony Ramos. Os dois estiveram juntos nos primeiros dias de “Avenida Brasil”, decisivos para o sucesso da trama:

— Em cena ela tem olhos de gente grande. Mas não deixa de ser criança e de ser ligada aos pais.



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